Lindemberg assume que atirou em Eloá durante cárcere; julgamento é suspenso
- Lindemberg Alves fala pela primeira vez sobre a morte de sua ex-namorada Eloá Pimentel
"Infelizmente foi uma vida que se foi, mas em alguns momentos levamos aquela situação como se fosse uma brincadeira", disse no fórum de Santo André (Grande São Paulo), onde acontece o terceiro dia de seu julgamento.
Sobre o momento da invasão da polícia, quatro dias depois do início do cárcere, Lindemberg assumiu que atirou em Eloá, mas apenas após a ação policial. A afirmação contraria a versão dos policiais, que alegam ter invadido o local quando ouviram um disparo. "Quando a polícia invadiu, a Eloá fez menção de levantar e eu, sem pensar, atirei [contra ela]. Foi tudo muito rápido. Pensei que ela fosse pegar minha arma", afirmou, dizendo não se lembrar quantos disparos fez e nem que atirou em Nayara Rodrigues, amiga de Eloá também feita refém. "Não posso dizer se atirei ou não na Nayara. Eu não me lembro."
Lindemberg também negou que já estivesse planejando atirar na vítima, como relataram diversas testemunhas nos dois primeiros dias do julgamento. "Muita coisa que eu disse foi blefe para manter a polícia longe do local", disse. "Eu estava muito nervoso e tomei atitudes impensadas. Atirei para o chão para manter a polícia longe do apartamento."
Caso Eloá
Foto 85 de 90 - 15.fev.2012
- Advogada de defesa de Lindemberg Alves, Ana Lúcia Assad, conversa com
a imprensa em frente ao Fórum de Santo André, na Grande São Paulo, ao
lado do advogado da família de Eloá Pimentel, Ademar Barros Mais Leandro Moraes/UOL
Os dias de cárcere
Lindemberg afirma que entrou no apartamento apenas para conversar com Eloá, com quem ele manteve um relacionamento amoroso por dois anos e três meses. Segundo ele, eles haviam retomado o namoro cinco ou seis dias antes, mas os pais dela ainda não sabiam. "A Eloá ficou assustada ao me ver", relembrou."Mandei os três [amigos] saírem do apartamento pois eu queria conversar com ela sozinho. Mas eles se recusaram", disse, referindo-se a Nayara Rodrigues, Victor Lopes de Campos e Iago Oliveira, que estavam reunidos para fazer um trabalho de escola --todos foram feitos reféns no primeiro dia do cárcere.
Para Lindemberg, Eloá estaria o traindo com Victor. Ele então teria pedido para conversar com a vítima e ela teria gritado. "Puxei a arma para Eloá quando ela começou a gritar comigo, mentindo que ela não tinha ficado com o Victor", alegou. "Qualquer outra pessoa teria tido uma reação extrema. Eu fui muito calmo."
Ele afirmou ainda que ficou com medo da chegada da polícia. "Quando a polícia chegou, fiquei apavorado. Não sabia o que fazer", relatou. "Só não saímos pois tínhamos medo da reação da polícia". E completou: "Procurávamos nos distrair durante o tempo que ficamos no apartamento. Ouvíamos música e conversávamos bastante".
A promotora Daniela Hashimoto chegou a perguntar: "Qual a garantia que o senhor nos dá que está falando a verdade hoje?". Ao que Lindemberg respondeu: "Pela dor da família. Eles são as vítimas. Se estou encarcerado, estou pagando por algo que eu fiz".
No começo de seu depoimento, Lindemberg pediu desculpas a mãe de Eloá. "Quero pedir perdão para a mãe dela em público, pois eu entendo a sua dor", afirmou. "Estou aqui para falar a verdade, afinal tenho uma dívida muito grande com a família dela [Eloá]." No fim de sua fala, ele voltou a pedir perdão à família.
Após o depoimento do réu, os debates são abertos, com uma hora e meia para a acusação e uma hora e meia para a defesa, além da réplica e da tréplica. Somente depois disso, os jurados vão dar seu parecer e, na sequência, a juíza lerá o veredicto.
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